domingo, 24 de novembro de 2013




 Florescer

 Flores para amar,
 Rosas para comer,
 Lírios para cantar,
 Nuvens para correr;

 Lótus para apostar,
 Do campo para a cidade,
 Girassóis para girar,
 Orquídia para a idade;

 Violeta para a cor,
 Onze horas para acordar,
 Jasmim para se encontrar,
 De Lis para sobrepor;

 Amarílis para resgatar,
 Bem me quer para bem querer,
 Do sertão para o carcará,
 De defunto para renascer.















quinta-feira, 21 de novembro de 2013


                                                               [Clicado agora]                                                                     Casa de estudante                                                                                                                                                                                                                                    Percebeu-se um barulho estranho vindo do quarto ao lado. Um trator sonóro e trêmulo cortava o piso com se a grama fosse irritantemente desobediente. O guarda na portaria via as  últimas notícias em seu Notboock e os moradores bebiam capim, fumavam capim e cheiravam o capim. No corredor, um grito ressoava ainda:
- ArthuUUUUUUUUuuuuur.
Era o dia do macarrão vegetariano, já que o dono do grito e seus colegas do capim não tinham conseguido o dinheiro da carne.De um lado para o outro, corre nú o desconhecido. Muitos ainda o conhecerão. O temerão, mas ao fim de tudo, acabarão também na corrida nudísta.
Ei, Jão. Vamo "bebê" mais um dia? Ontem foi pelo jogo do Flamengo e hoje...Mas o que tem hoje? "Ah, só". Hoje tem Jão na frente e Jão não pode falar academicamente sem beber aos Íncas. Tem Marias, Heitores, Brenos e tem Jãos.
Tem estrangeiros de outro estado, estrangeiros de outro país e tem os de outro quarto, mas os piores são os de dentro de Jão. Os que dormem ao lado de Jão e nem abrem a boca, os que falam no ouvido de Jão e não dizem nada e os de dentro de Jão.  Jão bébe para fazer do álcool o seu calmante natural e jão come, Jão fuma, Jão cheira o capim que o trator destrói. Mas nessa casa todo mundo é Jão e os que não são, viram tratores.
Corre pra CEU, Jão. No céu, Corre e vê o fenômeno. Daqui a um tempo serás um igual a eles só que, não dirigirás os tratores, mandarás nos Joãos, nas Marias e nos Heitores. Destruirás a natureza...E os amores.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Sonho de valsa


Escrevo na intimidade da alma,
busca de um eu profundo,
Profético, abundante;
Procuro e reviro os escombros,
Entre o ide e o ego,
Encerrado em um espelho trincado de lástimas;
Procurando ensimesmar-se,No mais recondito encefalograma do ser,
Disparando a autocrítica,
Descarregando as navalhas,
Rebobinando as fitas;
O labor da regogitofagía mostra o que foi engolido,
Precisando ser polido como um belo diamante,
E os olhos vermelhos,
Cansados do espelho, vêm a luz da ponta da alma,
No reencontrar da calma,
No degladiar da pulsão,
Ser humano, histórico, flamejante,
Vulcão;
Aquilo que se espalha é cinza falha,
Que o vento sopra e leva para longe,
E o que fica? Rita...Lee ou livre,
A arethê dos declives,
O jardim dos amores;
Os tendões viram tenores e a orquestra descansa,
Dança, menina. Dança,
Esquece as tuas dores.


Fernanda Valencise




quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Razante

                                                         Em busca da luz perfeita,                  
  Na noite dura e estreita,
  Vi um quadro raro,
  Um sorriso tão claro,
  O quarto invadi;
  
 Um amor que em pintura,
 Se transforma em escultura,
 E pousei minha loucura,
 No encanto de um retrato,
 Em ti;
 O amor voou clemente,
        
 Me entreguei tão inocente,
 Mariposa sem partida,
 Parei as asas na vida;
 Sorri;
 Meu coração partiu rumo,
 Te achar é o meu sumo,
 Prazer de buscar a luz,
 Que de tão rara seduz,
 Segui;
 De tela em tela pousada,
 Eu, mariposa apaixonada,
 Descobri o amor atômico,
 Que em nada é platônico,
 Te vi.
                               
                       
Fernanda Valencise














































domingo, 31 de julho de 2011

Sou apenas um pobre marido


Breves delírios - Livro de Fernanda Valencise

Cai chuva, cai avião,cai fogo...Cai. Sou um marido que às vezes quero que caia a comunicação, que caia a ligação, que ela me esqueça. Tantas chamadas na TV, pai sem terno e sem gravata, Jornal nacional, dramalhões da mídia aumentam o desespero da nação mais emotiva. "Ela saiu queimando do bimotor, mas eu não consegui chegar perto para salvá-la", disse o operário. "Tudo estava em perfeito estado", diz o diretor da viação. Aí, minha esposa entra numa viagem de medos surreais por causa do gato que foi envenenado. "Essa sociedade hipócrita, esse mundo torpe. Eu odeio o mundo, quero que todos queimem". Viagem comigo para um desastre maior
que, nem a imprensa,nem as pessoas da área científica preocupam-se que caia por terra. Alguns vão dizer que é bobeira minha mas, vá conviver com ela - BIPOLARIDADE. Será que nenhum psiquiatra tem como ajudar-me? Será que minha sogra pode parar de jogar os remédios de minha esposa fora, dizendo que remédio é veneno e que se ela tomar vai virar um robô? Arrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. Minha mulher é bipolar, simmmmm, bipolar! E mesmo com todas as minhas forças, a força que dou para ela, o carinho, ligações de 26 horas direto no infinity pré, agora que viajei mudei para o infinity liberty e não tenho visto grande liberdade em minha vida. Será a bipolaridade ou a personalidade? Fico acordado enquanto dorme, pois só dorme porque eu canto e toco meu violão para amenizar a crise. Ouço sua respiração e fico contando os dias para
que o que a medicina promete sobre a cura através das células tronco aconteça. Pronto! Agora mesmo ela estava comigo no telefone. Desde que acordei estou com ela e também desde que dormi...Mas quando foi que realmente dormi mesmo? Só sei que pedi um minuto para escrever-lhes algo no blog e caiu. Ela desligou a ligação pois ainda é pouco. Cai por terra a pessoa do outro lado e cai por terra também a mãe que está do meu lado. Mas tudo só cai por terra porque eu caí. "Caiu de maduro, levanta". Pena que já sou adulto e isso não é aprender a andar no chão. Isso é aprender a andar na vida...Vid...Vi...V... ( ) Vácuo. (X)Cheio.
A propósito, faço tudo isso tendo Síndrome do Pânico, agorafobia,pico de ansiedade e
depressão...Imagino,então, como deve ser viver num corpo (X) de dores maiores que as minhas e tentar sair dele, achando que o ( ) é a melhor saída. Munch e Homer que me ajudem...


Eu te amo, vida. Isso é por que estou (X) hoje, tá? Te amo demais.


quarta-feira, 27 de julho de 2011

escrever, escrever, escrever até morrer


Breves delírios - Livro de Fernanda Valencise

Preciso escrever de maneira frenética, rápida, ágil, todas as palavras possíveis do mundo, "all and more". "Mor-re". Por que quero não ser entendido, quero apenas que saiam toscas, idióticas, neologísticas palavras do meu cerne, da minha palma, da minha alma, do meu ser...Os cientistas desconhecem o que é alma? Acabaram de contar-me isso. Absurdo, meu Deus. opa! Não existe Deus também? Então me digam o que existe de concreto neste universo pluricelular. Estou cheio. Cheio de átomos, elétrons e prótons que giram em torno de meu minúsculo núcleo plasmático. Doe viver cientificamente; é chato viver cientificamente. Será que ninguém percebeu que os próprios cientistas acham chatas as suas descobertas inúteis. Sim! Inúteis, pois todas as úteis eles não podem usar.
Blá." Chega, nêga". Espelho, espelho seu, diga-lhe se existe alguém mais bonito do que ... Fudeu! Falam muito desse cidadão. Fu deu ali, Fu deu aqui, Fu deu isso, Fu deu aquilo. Gente, deixa Fu dar.

Para Ammy Winehouse

Acho que você gostaria deste texto, garota.



quarta-feira, 15 de junho de 2011

Breves delírios - Livro de Fernanda Valencise

De todas as palavras que já escrevi, de todos os livros e poemas, blogs e sites onde posto meus trabalhos, ainda existe algo que quero dizer e não disse da maneira mais perfeita possível e vou começar a tentar agora.
Eu te amo
Na alegria e na tristeza a gente ama chorando ou sorrindo. Choramos de felicidade e sorrimos de ansiedade, de nervosismo. Hoje estou chorando de tristeza por ter de voar, mas minhas asas não são eternas. Vou cair como o anjo do nosso filme e perder essas asas pois desistirei de uma eternidade de distância para estar ao seu lado. Amar é viver o outro cada instante dentro de si mesmo. Você está em mim e eu em você. Não chore por mim, morena. Não chore que eu chego já. O amor por você, morena faz a saudade me matar. Mas ficarei vivo e pulsante para nosso reencontro. Até já, meu eterno amor.
O amor é isso tudo e além disso...Eu te amo com IF.
Amo valdi - Mãe do coração, obrigada, amor, amorzinho, Melina, Samuraizinho, filho amado e todos os seus irmãos, obrigada Goiás. Sou filha da terra agora também.

terça-feira, 14 de junho de 2011


Breves delírios - Livro de Fernanda Valencise

A primeira vez foi como um vulcão entrando em atividade. Tudo fervilhava, movia-se, pulsava, queria sair como uma devastadora onda de magma. Não entendi a principio mas, aos poucos e sem que tomasse consciência...Explodi. Corri até a mesa do quarto onde deixava meus livros, canetas, lápis, documentos, lembranças. Havia uma foto em um porta-retrato, antiga e límpida. Olhei para ela rapidamente, desviei e busquei deixar a mão apanhar o que queria. Subitamente ela cresceu diante ds meus olhos como se todo o quarto fosse engolido. Uma máquina de escrever, anos 80, verde escura. Abri com desespero aquela tampa e vi cada letra em poucos dias transformar-se em centenas de folhas cheias de palavras cortantes e profundas. Precisava entender o que me aconteceu pois, nunca antes havia encostado um dedo na Olivett Letera que minha mãe deu-me de aniversário de dez anos. A essa altura já estava com onze, gostava de desenhar, conversava com paredes, o espelho do banheiro era meu amigo confidente e minha professora de português minha mais amada mestra. Chegou a quarta-feira, dia de sua aula e eu, ansiava por sua chegada ao mesmo tempo que sentia o coração palpitar de medo ou vergonha. Afinal, que delírio foi aquele? Havia passado todo meu tempo no quarto, olhos fincados nas teclas da maquinazinha que fez o vulcão acalmar e conter a destruição que seria se descesse a sua lava.
- O que me aconteceu? Perguntei a professora, ainda cheia de medo e de vergonha, afinal ela leria toda aquela bobagem que levei dias fazendo ao invés dos estudos de casa.
- Minha querida, você fez um livro; um belíssimo livro que precisa ser lido por mais pessoas. Entenda o que vou lhe dizer...Você não tem nada de errado...É apenas uma escritora.
Nada entendi com a profundidade que ela impôs naquelas palavras. Mas por ser um pedido dela comecei a ficar após as aulas para mostrar-lhe o que continuava fazendo. As palavras iam brotando e ela me ensinava o que eram pensamentos. Sempre achei que ficavam na cabeça e não valiam nada de material. Dez anos depois estava em minha noite de autógrafos, vendo pessoas como eu entrar na livraria e comprar meus pensamentos. "Não deviam ser trocados por dinheiro", confesso.
cropocéfalomaniaquísmo meu. Ponto, virgula, acento, assento aqui, aculá, em todos os cantos brancos dessa vida tem de haver um louco, um médico e um escritor.



Continua na próxima postagem ; )

Caixa Preta

Caminhos na forma não literal da palavra significa, como sabemos, as estradas que seguiremos, os passos que daremos em direção ao que ansiamos. Desejos, vontades, necessidades, destino... Escolhas são caminhos invisíveis que não têm destino escrito em bilhete. Falaram-me uma vez que se errássemos o caminho, seguisse o outro e assim, sem baixar a cabeça ou desesperar-se, vu-alá... Uma hora você acerta o passo.
Hoje quero dizer para os que gostam de dar concelhos como esse que, todos os caminhos são certos. Não existe escolha errada quando se trata de escolher olhando as opções que se tem por um pequeno furo de uma caixa preta, vazia e fria. Se for para chorar inerte, dentro do seu quadro sócio-Depressivo, creio que abrir a caixa e pegar qualquer rota seja bem melhor do que o claustro. Piso na terra vermelha e sinto que a solidão ainda me acompanha e nesse caminho o ar é seco e causticante: Mudo a rota. Piso no asfalto, duro, frio, agitado, frenético, sem cor, no máximo o ar que respiro é cinza e ouço a todo instante "Aqui é diferente". Mudo a rota. Piso na areia da praia e ouço o vai-e-vem das ondas, o vento bate em meu rosto, os pensamentos fluem como oceanos e .... Achei. Palavras, palavras, mil palavras e um lápis. Ponho no pedaço de papel minhas dores, minha solidão, meus piores e melhores momentos, não de qualquer força, em forma de verso. Poetizo a vida e a vida, através daquele vai-e-vem dá-me o som de cada pisada. A caminhada na terra vermelha vira música, a estrada escolhida de asfalto vira música, os passos afundando na areia, molhados de sal...
Tudo que vem com o tempo,
tudo que vem no vento,
tudo que vai embora,
tudo dentro de uma sacola;
Pentes e documentos,
Fotos e pensamentos,
Prego prato e mola,
Todas as coisas são embora...
Máquinas e tormentos,
Martelos e instrumentos,
linha, agulha e cola,
Todas as coisas são embora...
Remédios e poemas,
Cigarros e dilemas,
Tudo numa gaveta,
Como se fosse a Caixa Preta,
De uma avião,
Em explosão,
no meu céu.

LETRA E MÚSICA: FERNANDA VALENCISE

PS: Nem toda caixa precisa ser aberta, como por exemplo a de Pandora, mas outras podem ser recicladas. Faça bom uso da sua.


sábado, 7 de maio de 2011

MESTRE DA OBRA



Calha de centelha,
Vibra pela telha,
Viga em vão cimento,
Caiando o tormento,
Pregos batem dores,
Muro de amores,
Andaime de gente,
Ferro e corpo ardente,
Brita em carga bruta,
Abraço de gruta,
Aço na areia,
Arrimo na veia,
Caibro de viajem,
Prumo de passagem,
Edifício em flor,
Fez-se erguer o amor.

Fernanda Valencise

LÚCIDO



Me embriaguei no tom
Na cor
No brilho
Descarrilhei o trilho
Sem pensar
Em psiquê
Esta lua
Esta rua
É meu urro
Meu amor
É um sussurro
Só o infinito vê.
Fernanda Valencise

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Apneia

A música tocava enquanto,
Suavemente caia em pranto,
Uma semente de minha dor;
Da fonte bela,
Água aquarela,
Feichou-se um rio cheio de amor;
E a cidade inteira,
Se revoltou na poeira,
Clamou a tudo que é divino;
De traz pra frente,
Veio a corrente,
E eu,de homem,virei menino;
Agora passa,barquinho,passa,
Que este rio não tem trapaça,
Agora é tudo sem condição;
A cachoeira,a cerejeira,
O amor puro,
Sem solidão;
Nade, criança,
Sem a lembrança,
Apenas seja força vital;
Moleque rindo,
Mar indo e vindo,
Não mais à beira de um temporal.
Fernanda Valencise

terça-feira, 27 de julho de 2010

A partir de hoje estarei aqui no meu infinito particular que faço público,pois,nenhuma palavra deve se calar. Abraços a todos que passarem por este recanto de mim.


Fernanda Valencise
ESCRIVANINHA

Um dia todo cão late,
Quase todo arbusto cresce,
E as nuvens desmaiecem,
A tranca do portão bate;

A criança faz rabisco,
O rabisco vira letra,
A letra vira palavra,
Palavra vira caneta;

Caneta pode virar teclado,
E tela pode virar papel,
De qualquer jeito fica marcado,
Quadro pintado sem ter pincel;

Oficio puro de alma cheia,
Tem quem não goste de se calar,
E mesmo mudo enche a areia,
Desta semente que vai brotar;

Vem passarinho e leva um pouco,
Deixa cair do bico ao chão,
Chove mancinho e leve,solto,
Salta outro broto do coração;

De vez em quando minha fazenda,
Se vê enorme de tanta estrófe,
Vem e me colhe, olhos de renda,
Tece meu mundo que ri e sofre.

Fernanda Valencise